quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Butterfly


[...] agitou-se no assento e estirou-se com uma espécie de suspiro de contentamento. Os braços, os ombros e o rosto sob a luz das chamas, cercavam-se de uma claridade dourada. Sobre a fonte luminosa, recortava-se a linha do perfil, deixando o rosto na sombra. Depois a jovem inclinou a cabeça, deixando ver a nuca feita para beijos e mordidinhas.

[...] levou a taça de champanhe aos labios com tanta precipitação que entornou um pouco do líquido no smoking impecável. Queria aquela jovem. Não se recordava de alguma vez ter desejado uma mulher com tamanha intensidade. Queria ela mais que as outras? Era bonita, é certo, muito bonita mesmo, mas não passava de uma criança, uma verdadeira menina. E eles detestava mocinhas, sempre tão estupidamente sentimentais, chorando infalivelmente a perda da própria virgindade. Aquela, no entanto, adivinhava-a de têmpera diferente. [...]

Virando-se para a porta neste instante, a jovem surpreendeu o olhar ardente pousado nela e não se iludiu quanto à sua natureza. Gostava de sentir os olhares dos homens, olhares iguais àquele, violentamente e sem ambiguidade presos nela. Embora detestasse o indivíduo que a contemplava, experimentou um súbito arrepio de prazer, que a obrigou a apertar as pernas. O breve movimento não escapouà observação, que sorriu com másculo agrado. Aquele sorriso 'a irritou'; desconhecia que ocultava uma emoção mais profunda.

Trecho do Livro A bicicleta Azul de Régine Deforges

Ao som de Jason Mraz - Butterfly

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